Brasil, Inflação – 25 Out 25

Brasil mantém política monetária restritiva face a inflação subjacente persistente


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Inflação no Brasil. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights – 15 outubro 2025

  • Inflação subjacente permanece elevada, pressionada por fatores estruturais.
  • Banco Central mantém taxa Selic em 15%, o nível mais alto em quase 20 anos.
  • Inflação homóloga de 5,17% em setembro, ligeiramente acima dos 5,13% em agosto.
  • Fernando Haddad defende que a política monetária “atua corretamente” para reanclar expectativas.
  • Governo Lula procura alternativas fiscais após expiração de medida-chave no Congresso.

Nota de Contexto

O Brasil vive um momento de ajustamento entre a necessidade de consolidação fiscal e o controlo de uma inflação estruturalmente resistente.
Após o ciclo de subida de juros mais agressivo das últimas duas décadas, iniciado em 2021, o Banco Central do Brasil (BCB) mantém a taxa Selic em 15%, procurando consolidar a convergência da inflação para a meta de 3%.

A economia, embora tenha superado expectativas em 2023-2024, mostra sinais de normalização da atividade, enquanto a política económica do governo Luiz Inácio Lula da Silva equilibra objetivos de crescimento, redistribuição social e credibilidade fiscal.

Inflação e Política Monetária

Em comunicado divulgado a propósito da participação do Brasil nas Reuniões Anuais do FMI e do Banco Mundial, o ministro das Finanças Fernando Haddad reconheceu que a inflação subjacente “permanece relativamente elevada”, destacando que o Banco Central “atua em conformidade, mantendo uma postura restritiva”.

O índice de preços ao consumidor (IPCA) registou um aumento de 5,17% nos 12 meses até setembro, ligeiramente acima dos 5,13% em agosto, mantendo-se acima da meta oficial de 3% e evidenciando pressões persistentes em componentes estruturais, como serviços, alimentação processada e habitação.

Haddad sublinhou que a política monetária atual “permanece em território contracionista, refletindo o compromisso inabalável do Banco Central com a meta e a reancoragem das expectativas”.

Apesar de ter criticado anteriormente o nível das taxas, considerando-as “excessivamente restritivas”, o ministro enfatizou agora que essa posição refletia uma opinião pessoal, reafirmando o respeito pela autonomia do Banco Central.

A decisão do BCB em setembro de manter a taxa Selic em 15% pela segunda reunião consecutiva foi justificada pelo risco de reaceleração inflacionista e pela necessidade de assegurar convergência sustentada da inflação ao longo de 2026.

Fiscalidade e Política Económica

Haddad permaneceu em Brasília durante as reuniões de Washington, concentrado em discutir alternativas fiscais após a expiração de uma medida orçamental essencial no Congresso.
O episódio reforça o desafio do governo em equilibrar responsabilidade fiscal e prioridades sociais, num contexto de défice primário elevado e limitações de arrecadação.

O ministro reafirmou que a administração de Lula da Silva continuará a usar a política fiscal como instrumento de promoção de justiça social e bem-estar, mas “considerando o ciclo económico”.
Esta formulação sugere uma abordagem contracíclica moderada, procurando evitar choques adicionais sobre a inflação e os juros.

Cenário Externo e Implicações Estratégicas

A declaração de Haddad foi acompanhada de uma defesa da cooperação multilateral e previsibilidade comercial, apelando ao fim de restrições unilaterais e ao regresso a regras claras no comércio global.
O Brasil tem procurado posicionar-se como interlocutor de equilíbrio entre economias desenvolvidas e emergentes, sobretudo no contexto das tensões sino-americanas e das reformas no sistema financeiro internacional.

A manutenção de uma política monetária restritiva insere-se, portanto, numa estratégia de estabilização macroeconómica, essencial para preservar a credibilidade do real, atrair investimento estrangeiro direto e evitar a desancoragem das expectativas inflacionistas, um risco que permanece central no discurso do Banco Central e do Ministério das Finanças.

Conclusão

A posição de Fernando Haddad marca um ajuste de tom relevante: o ministro passa a reconhecer explicitamente que a taxa elevada de juros é coerente com o combate à inflação, afastando tensões institucionais com o Banco Central.
Com inflação ainda acima da meta, atividade económica próxima do potencial e incertezas fiscais, o cenário base aponta para manutenção prolongada da Selic em 15% até ao início de 2026.

A médio prazo, o sucesso da política económica dependerá de:

  • Sustentar o processo de desinflação sem travar o crescimento;
  • Implementar um novo quadro fiscal crível e de execução estável;
  • Preservar a autonomia e previsibilidade da política monetária.

A convergência da inflação ao alvo de 3% será o principal sinal de que o equilíbrio macroeconómico do Brasil está finalmente consolidado.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação do Brasil, formato “Geral”, atualizado com informações até 15 de Outubro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Brasil, Inflação)

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