Queda mensal reflete efeito base e ajustamento de mercado

A 11 de junho de 2025, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) reportou que o país exportou 1,89 milhões de sacas de 60 kg de café verde em maio, uma queda de 36% em relação a maio de 2024. O número contrasta com os fortes volumes observados no mesmo período do ano anterior, quando os embarques ainda refletiam uma colheita anterior acima da média e um contexto de baixa disponibilidade global.

A redução de maio é, portanto, entendida pelos operadores como uma correção técnica, e não necessariamente como sinal de escassez iminente.

Acumulado do ano mantém viés positivo

Apesar da queda expressiva no mês, o acumulado de janeiro a maio mostra um crescimento de 29% nas exportações totais, resultado do forte desempenho registado nos primeiros quatro meses do ano. A recuperação da logística portuária e o elevado ritmo de colheita no final de 2024 favoreceram este avanço inicial.

No segmento de café arábica, o mais valorizado no mercado internacional, os embarques representaram 82,3% do total exportado em maio, reforçando o papel do Brasil como fornecedor de referência para a indústria de café premium.

Fatores climáticos e operacionais em foco

Os traders e analistas do mercado estão agora atentos à evolução do clima nas principais regiões produtoras, especialmente Minas Gerais e Espírito Santo, cujas chuvas irregulares em maio e início de junho poderão afetar o ritmo de colheita e a qualidade dos grãos.

Além disso, há crescente preocupação com gargalos logísticos nos portos, devido a inspeções sanitárias mais rigorosas e atrasos na emissão de certificados de exportação. A combinação desses fatores poderá limitar a disponibilidade do produto brasileiro nos mercados internacionais ao longo do terceiro trimestre.

Impacto no mercado internacional e perspetivas para os preços

A redução de embarques em maio elevou a volatilidade dos contratos futuros de café nas bolsas internacionais. Traders em Nova Iorque e Londres já antecipam que os dados mais fracos do Brasil poderão gerar pressão altista nos preços, caso os volumes de junho e julho também fiquem abaixo da média histórica.

Contudo, a perspetiva de uma colheita estável em 2025, aliada aos bons stocks em algumas origens alternativas como Vietname e Colômbia, poderá limitar a amplitude de qualquer movimento especulativo.

Conclusão

A queda de 36% nas exportações brasileiras de café verde em maio de 2025 marca um ponto de viragem no ritmo de escoamento do principal fornecedor global, refletindo o efeito base de 2024 e ajustes na cadeia logística. Embora o acumulado anual ainda mantenha crescimento, a conjugação de risco climático, constrangimentos operacionais e incerteza cambial poderá adicionar tensão ao mercado nos próximos meses. A reação dos preços dependerá, sobretudo, da evolução da colheita atual e da capacidade do Brasil de manter a regularidade nas entregas no terceiro trimestre.