Capri Holdings regressa às perdas trimestrais e alerta para impacto tarifário de $85 milhões em 2026
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Capri Holdings. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 04 novembro 2025
- Capri regista perda ajustada de –$0,03 por ação, contra expectativa de lucro de $0,13.
- Impacto total das tarifas em 2026 permanece estimado em $85 milhões.
- Empresas norte-americanas enfrentam tarifas de 20% a 47% sobre produtos da Ásia, pressionando margens.
- Gross margin prevista cair entre 200 e 250 bps no 3.º trimestre.
- Grupo anuncia programa de buybacks de $1 mil milhão, apesar das dificuldades operacionais.
Nota de Contexto
A Capri Holdings, dona das marcas Michael Kors e antiga proprietária da Versace, atravessa desde 2024 um processo de reestruturação profunda, motivado por margens comprimidas, abrandamento do mercado global de luxo acessível e uma pressão tarifária crescente sobre as suas cadeias de abastecimento na Ásia. A empresa, que depende fortemente de produção em países como Vietname e China, enfrenta tarifas elevadas nas importações para os Estados Unidos, um fator que tem distorcido custos e deteriorado a visibilidade do negócio. Em 2025, a Capri tenta recuperar rentabilidade ao mesmo tempo que reestrutura o portefólio e reforça o capital através de recompras de ações.
Resultados: surpresa negativa no trimestre devido ao impacto tarifário e mix de inventário
A Capri anunciou uma perda ajustada de –$0,03 por ação, contrastando com a expectativa de Wall Street de um lucro de $0,13. A surpresa negativa reflete sobretudo o impacto acumulado das tarifas e o maior peso de inventário sujeito a taxas elevadas.
A gross margin caiu para 61%, face aos 62,3% registados um ano antes, penalizada em cerca de 130 pontos base pelas tarifas. A administração antecipou que a pressão vai aumentar no trimestre seguinte: segundo o CEO John Idol, a empresa espera que a margem bruta caia 200 a 250 bps no Q3, com efeitos adicionais prolongados até ao Q4.
Num contexto de volatilidade económica e abrandamento no consumo, a estrutura de custos tornou-se mais difícil de gerir, refletindo a exposição praticamente total à produção externa.
Tarifas: estrutura de custos pesada e risco renovado para as margens de 2026
A empresa reitera que o impacto total não mitigado das tarifas em fiscal 2026 continua estimado em $85 milhões. As taxas atualmente aplicadas pelos EUA são significativas:
- 20% sobre importações diretas do Vietname;
- 40% sobre bens roteados através do Vietname;
- 47% sobre produtos da China, reduzidos recentemente de 57%.
Dado que a Capri importa a maioria dos seus produtos a partir destes países, a pressão tarifária representa um risco estrutural para a margem e para a previsibilidade operacional. O mix de inventário pesado em artigos com tarifas integrais agrava a queda esperada nas margens dos próximos dois trimestres.
Receitas: sinais mistos, mas acima das estimativas
Apesar da perda, o trimestre trouxe também sinais positivos. A receita total atingiu $856 milhões, superando o consenso de $825,7 milhões.
Na marca Michael Kors, a queda da receita foi de 1,8%, uma melhoria face à contração de 5,9% observada no trimestre anterior, sugerindo que parte do turnaround comercial começa a ganhar tração.
O grupo também destacou melhorias operacionais evidentes no segundo trimestre, ligadas ao plano de recuperação iniciado após vários trimestres de subdesempenho.
Reestruturação e Portefólio: venda da Versace e aceleração no retorno ao acionista
No âmbito da reestruturação, a Capri já tinha procedido à alienação da Versace para o grupo Prada no início do ano, eliminando uma marca deficitária e concentrando o portefólio em operações mais escaláveis. Agora, a empresa acrescenta um elemento adicional na estratégia de valorização acionista: um programa de recompra de ações de $1 mil milhão.
O anúncio de buybacks demonstra intenção de estabilizar o valor para os acionistas, mesmo num contexto de deterioração operacional, e contribuiu para uma reação ligeiramente positiva em bolsa, com as ações a subir 1%.
Sentimento de Mercado: recuperação parcial do setor, mas incerteza persiste
Segundo Rachel Wolff, analista da eMarketer, os resultados “apontam para alguma recuperação na indústria de luxo, mas a procura permanece incerta devido à turbulência económica”. A opinião reflete o duplo movimento observado no trimestre: receitas a surpreender pela positiva, mas lucros pressionados por fatores exógenos e margens em queda.
A recuperação do segmento de luxo acessível permanece dependente da normalização dos custos de importação e do comportamento do consumidor num ambiente macro cada vez mais instável.
Conclusão
A Capri Holdings enfrenta 2025 com desafios significativos: tarifas agressivas, margens em descida e inventário pressionado. Ao mesmo tempo, começa a colher sinais de recuperação comercial na Michael Kors e reforça o compromisso com acionistas através do novo programa de recompra. A visibilidade para 2026 permanece limitada, sobretudo devido ao impacto não mitigado de $85 milhões em tarifas, que continuará a afetar a margem bruta nos próximos trimestres.
O sucesso da estratégia dependerá da capacidade da Capri em:
- reequilibrar o portefólio de produção e mitigar o impacto tarifário,
- acelerar a normalização das margens através da gestão de inventários,
- sustentar a recuperação na receita, particularmente na Michael Kors,
- demonstrar disciplina financeira enquanto executa o turnaround.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Capri Holdings, formato “News”, atualizado com informações até 04 de Novembro de 2025. Categorias: Consumo. Tags: Acionista, Ilhas Virgem Britânicas, Luxo)