Commerzbank intensifica defesa estratégica enquanto UniCredit avança no capital e Bruxelas abre debate sobre fusões bancárias europeias
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Strategic Highlights – 6 novembro 2025
- A UniCredit elevou a sua participação no Commerzbank para 26%, com autorização da ECB para chegar a 29,9%.
- A gestão do Commerzbank rejeita uma fusão, classificando a abordagem como “unfriendly” e alertando para perdas de receita.
- O banco ativou buybacks sucessivos, incluindo um programa de 1.000 milhões EUR, para reforçar a estratégia standalone.
- A UE criticou obstáculos políticos à consolidação bancária, incluindo resistência alemã à aproximação da UniCredit ao Commerzbank.
- O Commerzbank reportou queda de 7,9% no lucro do 3T25, mas projeta 2026 muito positivo, aumentando o guidance de NII para 8,2 mil milhões EUR.
Nota de Contexto
O Commerzbank é o segundo maior banco comercial alemão, com forte presença no segmento empresarial e elevado peso no financiamento à indústria exportadora. Nos últimos anos, tem reforçado disciplina de capital através de múltiplos buybacks, procurando reposicionar-se como um banco eficiente e resiliente. A aproximação acionista da UniCredit, uma das maiores instituições italianas, provocou um choque estratégico europeu, reacendendo discussões sobre consolidação transfronteira no setor bancário. O banco alemão tem resistido a qualquer forma de integração, enfatizando autonomia, racionalização de custos e criação de valor independente.
1. Avanço da UniCredit sobre o capital do Commerzbank
Entre agosto e outubro, a UniCredit consolidou a sua posição como maior acionista privado do Commerzbank.
- A 25 de agosto de 2025, a UniCredit aumentou os direitos de voto para 26%, ao converter posições sintéticas em ações físicas ().
- A instituição planeia converter o remanescente para atingir cerca de 29%, já autorizado pela ECB até 29,9%.
- O custo do investimento aumentou e o impacto no CET1 subiu para 145 bps (antes 110 bps), mas a UniCredit afirma que o retorno estimado se mantém em ~20%.
- Apesar do reforço, a UniCredit declara não procurar assentos no conselho nesta fase.
A estratégia é interpretada como um movimento gradual para posicionar uma futura fusão entre os dois grupos, tema que se tornou central no debate regulatório europeu.
2. Reação do Commerzbank: rejeição explícita e alertas sobre impacto de fusão
A 17 de setembro, a CEO Bettina Orlopp endureceu publicamente a posição contra um eventual acordo.
- Classificou a abordagem da UniCredit como “unfriendly” ().
- Alertou que uma fusão com a HVB, unidade alemã da UniCredit, criaria perdas de receita, devido a forte sobreposição no segmento corporate.
- Sublinhou que as sinergias de custos seriam difíceis de extrair, exigindo tempo, dinheiro e risco elevado, sobretudo numa transação hostil.
- Andrea Orcel, CEO da UniCredit, reiterou benefícios da operação, afirmando esperar que o Commerzbank “veja a luz”.
O diálogo público torna evidente que as posições permanecem distantes, sendo improvável um acordo amistoso no curto prazo.
3. Buybacks sucessivos como instrumento de defesa
O Commerzbank tem usado agressivamente recompra de ações como forma de reforçar a sua autonomia estratégica.
Buyback de 24 setembro
Fonte:
- Anuncia programa de 1.000 milhões EUR, concluído até 10 fevereiro 2026.
- Este é o 5.º buyback desde 2023, evidenciando disciplina de capital.
- A decisão surge num momento em que a UniCredit já detém 26% e prepara-se para aproximar-se dos 30%.
- Orlopp enfatiza que devolver capital aos acionistas é um pilar da estratégia de criação de valor.
Novo buyback solicitado
- Em novembro, o banco solicita uma recompra adicional até 600 milhões EUR, reforçando a narrativa de independência.
Estas medidas visam reforçar o preço da ação, aumentar o retorno para acionistas e dificultar a aquisição de controlo por parte de um rival estrangeiro.
4. Pressão regulatória e debate europeu sobre fusões
A tentativa de aproximação da UniCredit ao Commerzbank desencadeou reações políticas e regulatórias.
- A 24 de outubro, a Comissária Maria Luís Albuquerque criticou a resistência alemã à consolidação europeia, referindo explicitamente o caso UniCredit–Commerzbank ().
- A Comissária lamenta que não facilitar a criação de grandes bancos europeus seja “uma vergonha”.
- Critica igualmente o uso indevido de poderes nacionais, um comentário dirigido à Itália e ao seu uso extensivo do “golden power” em fusões bancárias.
- A Comissão Europeia prepara decisões para 12–13 novembro, podendo exigir reformas à legislação italiana.
O Commerzbank surge assim no centro de uma disputa maior que envolve integração bancária, soberania regulatória e alinhamento de interesses nacionais.
5. Resultados do 3T25: lucros abaixo do esperado, mas guidance reforçada
A 6 de novembro, o Commerzbank apresentou resultados mistos, influenciados sobretudo por efeitos fiscais e custos salariais.
- Lucro trimestral: 591 milhões EUR, queda de 7,9%, abaixo dos 659 milhões EUR esperados ().
- Taxa efetiva: sobe para 36% (vs 22% um ano antes).
- Custos: aumentam 5%, com pressão de pessoal.
- Ações caem mais de 3% na abertura.
Apesar do trimestre mais fraco, a administração reforça a convicção na estratégia própria:
- Orlopp afirma que o banco gerou momentum significativo nos últimos 12 meses.
- Perspetivas para 2026 são “muito positivas”.
- Revisão em alta do Net Interest Income 2025 para 8,2 mil milhões EUR (antes 8,0).
- Programa de reestruturação prevê eliminação de 3.900 postos de trabalho.
Os sinais mistos, lucros pressionados, mas guidance mais forte, procuram transmitir que o banco não depende de fusão para alcançar metas financeiras.
Conclusão
O período entre agosto e novembro de 2025 foi marcado por forte tensão estratégica em torno do Commerzbank. A UniCredit avançou para uma participação próxima de 30%, reforçando pressão para uma fusão transfronteira que transformaria o panorama bancário europeu. Em resposta, o Commerzbank adotou uma postura firme: rejeitou a operação como hostil, acelerou buybacks, melhorou guidance e intensificou mensagens de criação de valor independente.
A envolvência da Comissão Europeia demonstra que a disputa ultrapassa fronteiras nacionais, tocando questões de integração financeira, proteção de mercados domésticos e alinhamento regulatório. O futuro dependerá da capacidade do Commerzbank de converter o seu “momentum” em crescimento sustentável e da evolução política em torno da consolidação bancária europeia.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings/Resultados do Commerzbank, formato “News”, atualizado com informações até 06 de Novembro de 2025. Categorias: Acionista. Tags: Acionista, Alemanha, Commerzbank, Bancos, Serviços Financeiros, Banco de Investimento)