Venda da Family Dollar encerra capítulo deficitário

A 26 de março de 2025, a Dollar Tree confirmou que iria vender a sua cadeia Family Dollar por 1 mil milhão de dólares à Brigade Capital Management e à Macellum Capital Management. O negócio marca o fim de uma aquisição que, desde 2015, penalizou consistentemente a rentabilidade da empresa.

Adquirida por cerca de 9 mil milhões de dólares, a Family Dollar nunca conseguiu recuperar plenamente, enfrentando forte concorrência de gigantes como Walmart, Amazon e plataformas como Shein. A performance fraca de vendas em categorias como decoração e vestuário refletiu uma redução do consumo discricionário por parte dos clientes.

Analistas classificaram a decisão como uma forma de “adição por subtração”, libertando a gestão e os recursos da empresa para o negócio principal, mais resiliente.

Resultados do trimestre mostram estabilidade limitada

No trimestre encerrado a 1 de fevereiro, a empresa reportou vendas líquidas de 5 mil milhões de dólares, ligeiramente acima dos 4,96 mil milhões registados no ano anterior, excluindo a contribuição da Family Dollar. A performance foi considerada modesta, com crescimento de vendas comparáveis limitado e inconsistente.

A empresa tem vindo a remodelar lojas e a adotar múltiplos pontos de preço, mas analistas alertam que as previsões de crescimento de 3% a 5% nas vendas comparáveis podem ser ambiciosas face ao contexto económico atual.

Novas tarifas aumentam pressão sobre margens

As tarifas adicionais decretadas pela administração Trump em março de 2025 sobre produtos oriundos do Canadá, China e México deverão custar à empresa cerca de 20 milhões de dólares por mês, afetando diretamente os custos de aquisição de produtos.

A 4 de junho, a empresa avisou que o lucro operacional no segundo trimestre ficará abaixo das expectativas do mercado, devido à incerteza sobre os custos de transporte e abastecimento, o que provocou uma reação negativa nas ações.

Mudança no perfil do consumidor favorece modelo de desconto

Segundo o CEO Mike Creedon, a inflação persistente está a mudar o comportamento de consumo em todos os níveis de rendimento, incluindo as classes média e alta, que procuram alternativas mais acessíveis para bens essenciais.

A empresa considera que este novo perfil de consumo reforça a relevância do seu modelo, embora exija ajustes na oferta e na logística para acomodar volumes maiores e maior sensibilidade ao preço.

Conclusão

A Dollar Tree entra num novo ciclo estratégico com a venda da Family Dollar e reorientação do foco para o seu core business, mas enfrenta desafios significativos no curto prazo, nomeadamente com os efeitos das novas tarifas, a inflação persistente e margens sob pressão. A capacidade de ajustar o modelo operacional, proteger a rentabilidade e responder às mudanças no perfil do consumidor será determinante para sustentar o crescimento em 2025.