Electrolux enfrenta desafios persistentes na Europa e aposta em cortes de custos e inovação para recuperar margens

Lucros e receitas pressionados pela Europa

A Electrolux reportou a 18 de julho de 2025 lucro operacional ajustado de 890 milhões de coroas suecas, abaixo da expectativa média dos analistas de 1,05 mil milhões. A receita total recuou 5% para 32,4 mil milhões de coroas, penalizada por um mercado europeu em retração e por um efeito cambial desfavorável.

O CEO Jonas Samuelson destacou que a Europa continua a ser o principal desafio: “O consumidor europeu está mais sensível ao preço e reticente em fazer grandes compras, o que nos obriga a uma política promocional mais intensa e seletiva”.

Recuperação parcial nos EUA e resiliência em mercados emergentes

Nos Estados Unidos, as vendas apresentaram crescimento moderado, especialmente no segmento premium, apoiado por uma procura mais sólida por eletrodomésticos de alto desempenho. No entanto, esse avanço não compensou as perdas na Europa.

Mercados emergentes, como América Latina e Sudeste Asiático, registaram crescimento em volume, beneficiando da expansão da rede de distribuição e da procura por modelos mais acessíveis. A empresa vê nestes mercados uma alavanca importante para o equilíbrio geográfico das receitas.

Programa de corte de custos e reposicionamento estratégico

A Electrolux avança com o programa de corte de custos de 10 mil milhões de coroas suecas até 2026, que inclui:

• Simplificação do portefólio para reduzir sobreposição de modelos
• Otimização da cadeia de abastecimento e renegociação com fornecedores
• Automatização de processos produtivos para reduzir custos fixos
• Fecho ou consolidação de unidades com baixa utilização

O objetivo é melhorar margens operacionais e aumentar a flexibilidade para responder rapidamente a variações na procura.

Inovação e aposta no segmento premium

Mesmo num contexto adverso, a empresa mantém investimento contínuo em inovação, com destaque para:

• Eletrodomésticos energeticamente eficientes alinhados com regulamentos europeus mais exigentes
• Tecnologia conectada para integração com casas inteligentes
• Design premium e ergonomia avançada, para diferenciar produtos e reduzir pressão promocional

Estes lançamentos são estratégicos para atrair consumidores menos sensíveis ao preço e preservar margens.

Perspetivas e riscos

Para o segundo semestre de 2025, a Electrolux mantém uma perspetiva cautelosa: a recuperação dependerá da normalização da procura na Europa e da capacidade de manter o ritmo de crescimento nos EUA e mercados emergentes. Riscos adicionais incluem volatilidade cambial, custos de matérias-primas e concorrência de marcas asiáticas agressivas em preço.

Conclusão

A Electrolux atravessa um período de pressão dupla, procura enfraquecida na Europa e necessidade de proteger margens num ambiente competitivo intenso. O sucesso dependerá da execução eficaz do programa de corte de custos, do reposicionamento no premium e da capacidade de inovação tecnológica para captar procura em segmentos de maior valor. Caso consiga estabilizar o mercado europeu, a empresa poderá entrar em 2026 com margens mais robustas e crescimento sustentado.