Evonik revê previsões em baixa e enfrenta turbulência executiva: fraqueza industrial e incerteza na liderança financeira

Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Evonik. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.

Nota de Contexto

A Evonik Industries AG, sediada em Essen (Alemanha), é uma das maiores empresas químicas da Europa e um dos três pilares da indústria química alemã, setor que representa cerca de 6% do PIB industrial e é o terceiro maior empregador industrial do país.
A empresa atua em especialidades químicas com aplicação em materiais, nutrição, saúde e produtos industriais de alta performance. Nos últimos anos, enfrentou pressões intensas sobre margens devido à queda de volumes e preços e ao aumento dos custos energéticos, agravados pela fraca procura global e pelos tarifários impostos pelos EUA a produtos químicos europeus.

1. Revisão em baixa do guidance de 2025

Em 25 de setembro de 2025, a Evonik comunicou oficialmente uma redução da sua previsão de lucro operacional (EBITDA ajustado) para cerca de 1,9 mil milhões EUR, abaixo da anterior projeção de 2,0–2,3 mil milhões EUR.

• O novo valor situa-se abaixo da mediana de 1,96 mil milhões EUR estimada por analistas da Vara Research.
• A empresa já tinha, em agosto, ajustado a sua perspetiva para o limite inferior da faixa anterior, antecipando a deterioração do mercado.
• O comunicado reconhece que a procura permanecerá fraca até ao final do ano, afetando particularmente os segmentos de materiais de construção, aditivos e produtos químicos de performance.

O contexto setorial ajuda a explicar a decisão: segundo dados da associação VCI, a utilização de capacidade da indústria química alemã atingiu o nível mais baixo em mais de 30 anos durante o 2.º trimestre de 2025, refletindo queda simultânea de volumes e preços.

2. Saída inesperada da CFO Maike Schuh

A notícia mais sensível para o mercado surgiu uma semana antes, em 18 de setembro de 2025, quando a Evonik anunciou que Maike Schuh, CFO desde abril de 2023, deixaria o cargo a seu pedido, com efeito imediato.

Analistas da Jefferies classificaram a decisão como “uma demissão repentina”, sublinhando o risco de instabilidade na execução financeira num momento crítico para a empresa.

Em reação:

• As ações caíram 2,5% no dia do anúncio.
• O CEO Christian Kullmann assumiu interinamente as funções financeiras a nível do board.
• Claus Rettig foi nomeado responsável pelas operações financeiras diárias até à nomeação de um sucessor permanente.

A saída ocorre num contexto em que a empresa está a implementar o maior plano de reestruturação da sua história, com foco em simplificação organizacional e corte de custos estruturais. Segundo fontes internas, a redução do quadro poderá ultrapassar 20% do total de colaboradores.

3. Enquadramento setorial e desafios macroeconómicos

O setor químico alemão enfrenta uma crise estrutural de rentabilidade, resultante de múltiplos fatores:

• Procura global em desaceleração, sobretudo da China;
• Custos energéticos persistentemente elevados face à média europeia;
• Tarifas norte-americanas sobre produtos químicos da UE;
• Deslocalização crescente da produção para mercados de custo mais baixo.

A Evonik, que tradicionalmente operava com EBITDA superior a 2,5 mil milhões EUR anuais, tem sofrido erosão nas margens devido ao efeito duplo de queda de volumes e compressão de preços.
O novo guidance de 2025 (1,9 mil milhões EUR) implica uma redução de cerca de 20% face à média de rentabilidade dos últimos cinco anos, e aproxima-se do ponto mais baixo desde 2010.

4. Interpretação estratégica

A combinação de pressão operacional e instabilidade de gestão coloca a Evonik numa fase crítica de transição.
O mercado interpretou a revisão de guidance como reconhecimento de uma deterioração prolongada da procura, mas a saída da CFO amplificou preocupações quanto à capacidade de execução do plano de reestruturação.

Por outro lado, há sinais de que a empresa mantém disciplina financeira e procura proteger liquidez e rating, apostando em racionalização de portfólio e alienação de ativos não-core.
O facto de o CEO assumir temporariamente a área financeira sugere uma tentativa de centralizar decisões estratégicas e acelerar a reestruturação.

A curto prazo, o guidance revisto deverá reduzir as expectativas de dividendos e reforçar a necessidade de cortes adicionais de custos, enquanto os investidores esperam visibilidade sobre o novo CFO e confirmação de estabilização operacional em 2026.

Conclusão

A Evonik enfrenta simultaneamente uma correção estrutural de lucros e uma lacuna de liderança financeira, num contexto de fraqueza industrial generalizada na Alemanha.
Com o EBITDA projetado em 1,9 mil milhões EUR, a empresa entra em 2026 com pressão sobre margens, confiança e execução.

O sucesso do plano de reestruturação, e a nomeação de um CFO com perfil de controlo rigoroso e experiência em ciclos recessivos, será determinante para restaurar previsibilidade e proteger o valor acionista.

Apesar das dificuldades conjunturais, a base tecnológica diversificada e o foco em química de especialidades continuam a representar os principais vetores de resiliência para a Evonik no médio prazo.