Cautela nas previsões devido ao câmbio e ao ambiente político

A Foxconn, maior fabricante mundial por contrato de equipamentos eletrónicos, reviu em baixa a sua previsão de crescimento para 2025, apesar dos resultados fortes no início do ano. O CEO Young Liu explicou que a valorização do dólar taiwanês frente ao dólar americano, especulando-se que tenha sido influenciada por pressões de Washington, está a afetar a conversão das receitas. Esta situação levou a empresa a ajustar o seu posicionamento de “crescimento forte” para “crescimento significativo, mas mais cauteloso”.

Ao mesmo tempo, as rápidas alterações na política de tarifas dos EUA estão a criar instabilidade na cadeia global de fornecimento, levando a Foxconn a adotar um tom mais prudente quanto ao desempenho futuro.

Resultados impulsionados por servidores de IA

No primeiro trimestre de 2025, a Foxconn registou lucros líquidos de 1,39 mil milhões de dólares, um aumento de 91% em termos homólogos, muito acima da média das estimativas dos analistas. As receitas entre janeiro e março subiram 24,2% para um novo recorde trimestral, graças à procura crescente por servidores de IA, especialmente os produzidos para a Nvidia.

A empresa projeta crescimento anual expressivo no segundo trimestre, com aumento de dois dígitos na produção de servidores e uma aceleração da produção em massa, refletindo o boom global da inteligência artificial.

Produção global e riscos geopolíticos

A Foxconn continua altamente exposta à geopolítica, com a maioria dos iPhones fabricados para a Apple montados na China, e com uma nova mega unidade industrial no México dedicada à produção de servidores de IA para o mercado americano. Ambas as geografias estão sob o radar das tarifas impostas pela administração Trump, tornando o grupo especialmente vulnerável a decisões políticas nos EUA.

Em paralelo, a Nvidia confirmou em abril que irá produzir servidores de IA no valor de 500 mil milhões de dólares nos EUA nos próximos quatro anos, em parceria com a TSMC e a própria Foxconn, num projeto sediado em Houston. Esta aposta deverá mitigar parte da exposição às tarifas, criando produção localizada para o maior mercado do mundo.

Aposta nos veículos elétricos

Além dos sectores tradicionais, a Foxconn continua a expandir-se na mobilidade elétrica. A subsidiária Foxtron Vehicle Technologies assinou recentemente um memorando de entendimento com a Mitsubishi Motors para fornecimento de um modelo elétrico.

A empresa taiwanesa também manifestou interesse em estabelecer uma parceria com a Nissan, com potencial para adquirir uma participação estratégica. O CEO Young Liu afirmou que “há progressos” nas conversações com construtores japoneses, embora não tenha revelado detalhes adicionais.

O objetivo de longo prazo é construir uma cadeia de fornecimento global de veículos elétricos, aproveitando sinergias industriais e know-how em produção em massa.

Conclusão

Apesar dos riscos cambiais e da exposição à política comercial dos EUA, a Foxconn mantém um perfil operacional robusto, com lucros em alta e forte crescimento na área da inteligência artificial. A aposta na mobilidade elétrica e a colaboração com gigantes como Nvidia e Apple reforçam a sua posição global. O sucesso em 2025 dependerá da capacidade da empresa para navegar o ambiente geopolítico, ajustar a produção às restrições comerciais e consolidar novas linhas de negócio de elevado crescimento.