Cortes nas taxas de poupança visam impulsionar margens

A 15 de abril, o HDFC Bank anunciou uma redução de 25 pontos base nas taxas dos depósitos de poupança, a primeira em cinco anos para contas com menos de 5 milhões de rupias (€58.263). A medida visa reduzir o custo de captação e melhorar a margem financeira líquida num ambiente de crescimento de crédito mais moderado.

Segundo a corretora Macquarie, esta decisão pode acrescentar cinco pontos base às margens já no primeiro trimestre do novo exercício fiscal (2025-26). A Jefferies estima que a mudança afete cerca de 23% da base total de depósitos do banco.

Depósitos crescem mais do que empréstimos no 1.º trimestre

No trimestre até 31 de março, o HDFC Bank reportou:

• Depósitos totais: +5,9%, para 27,15 biliões de rupias (€318,5 mil milhões)
• Empréstimos brutos: +4%, para 26,44 biliões de rupias
• Depósitos de baixo custo (contas à ordem e poupança): +8,2%

Esta evolução reflete a estratégia da administração de acelerar a captação de depósitos, após a fusão com a HDFC em julho de 2023, que adicionou uma carteira de crédito significativa, mas um volume relativamente menor de depósitos.

O rácio empréstimos/depósitos, que chegou perto de 100% após a fusão, é agora alvo de correção. O objetivo, segundo o CFO Srinivasan Vaidyanathan, é baixá-lo para menos de 90%, reforçando a liquidez estrutural.

Securitização como ferramenta estratégica

Desde o início do ano fiscal, o HDFC Bank já securitizou 463 mil milhões de rupias em crédito. No quarto trimestre (janeiro-março), foram vendidos 107 mil milhões. Este movimento permite ao banco:

• Criar espaço no balanço para novos empréstimos, sem aumentar os ativos totais
• Manter a flexibilidade regulatória num ambiente de maiores exigências de liquidez e capital
• Aproveitar o interesse crescente de fundos de pensões, seguradoras e investidores internacionais

Segundo a ICRA, o mercado de securitização na Índia deverá crescer 25% em 2024-25, atingindo 2,4 biliões de rupias.

Perspetiva para 2025-26

O HDFC Bank pretende crescer os empréstimos em linha com o setor e captar depósitos a um ritmo superior à média do sistema. Após um período de restrição no crédito ao consumo não garantido, o banco poderá recuperar esse segmento à medida que outros players se retraem:

“Oportunidades vão surgir à medida que outros bancos abrandam. Podemos aproveitar sem mudar os critérios de risco”, disse Vaidyanathan.

A melhoria nas condições de liquidez por parte do Banco Central da Índia e os estímulos fiscais anunciados no orçamento de 2025 são vistos como ventos favoráveis para a expansão do crédito e da poupança.

Conclusão

O HDFC Bank inicia o novo exercício fiscal com uma estratégia clara de reequilíbrio do balanço, focada em reforçar os depósitos, melhorar margens e libertar capital através da securitização. Os cortes nas taxas de poupança mostram uma abordagem ativa à gestão do custo de financiamento, numa fase em que o crescimento do crédito se torna mais seletivo.

A execução destas medidas será determinante para consolidar a posição do banco como o maior credor privado da Índia, especialmente num ambiente de maior exigência regulatória e volatilidade macroeconómica.