Inditex abranda crescimento no arranque do ano, mas mantém aposta em expansão e rentabilidade

Início de ano tímido gera reação negativa do mercado

A 12 de março de 2025, a Inditex revelou um arranque mais lento do que o habitual no novo exercício, com as vendas a crescerem apenas 4% em termos cambiais constantes entre 1 de fevereiro e 10 de março. Este valor compara com um crescimento de 11% no mesmo período do ano anterior e representa o ritmo mais lento desde 2016, excluindo os anos da pandemia.

A notícia fez as ações da empresa recuar 8% no dia da divulgação, refletindo o nervosismo dos investidores quanto à capacidade da Inditex manter a sua trajetória de expansão numa conjuntura mais adversa. Analistas como os do UBS classificaram o resultado como “o pior início de exercício em quase uma década”.

Lucros e dividendos em alta apesar das incertezas

Apesar da desaceleração pontual no início de 2025, os resultados anuais de 2024 mantiveram-se sólidos. A empresa reportou um aumento de 10,5% nas vendas anuais, atingindo 38,6 mil milhões de euros, e um lucro líquido de 5,9 mil milhões de euros, mais 9% do que em 2023.

O trimestre do Natal, tradicionalmente o mais forte, gerou 11,2 mil milhões de euros em vendas, em linha com as expectativas do mercado. Em sinal de confiança, a administração anunciou um aumento de 9% no dividendo, para 1,68 euros por ação.

Estratégia de investimento e expansão global

A Inditex reafirmou o seu compromisso com o crescimento rentável e apresentou um plano de investimento de 1,8 mil milhões de euros em 2025, com foco em:

• Remodelação e modernização de lojas
• Melhoria da eficiência logística
• Reforço das plataformas digitais
• Teste de novos formatos de retalho físico, como o conceito “Zacaffe” numa loja Zara em Madrid

A expansão internacional continua a ser uma prioridade, com a empresa a anunciar a entrada no mercado iraquiano e a abertura de lojas da Bershka na Suécia, da Oysho na Alemanha e nos Países Baixos, e novas unidades da Stradivarius em várias capitais europeias.

Pressões externas condicionam desempenho nos EUA

O CEO Oscar Garcia Maceiras referiu que o ambiente global permanece “altamente incerto”, especialmente devido às tarifas comerciais imprevisíveis e à instabilidade geopolítica causada pelas mudanças na política externa dos EUA.

Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior mercado da Inditex, a seguir a Espanha, mas a guerra comercial com a China, México e Canadá tem afetado a confiança do consumidor e dificultado previsões de longo prazo. A volatilidade cambial e os custos logísticos acrescidos são outros obstáculos.

Ainda assim, a Inditex afirma estar bem posicionada para resistir a este cenário, graças à diversificação de mercados e fornecedores, e à resiliência da marca Zara, que continua a ganhar quota de mercado face a concorrentes diretos como a H&M.

Conclusão

A Inditex entra em 2025 com bases financeiras sólidas e um plano claro de investimento, mas enfrenta desafios reais no curto prazo, sobretudo devido à instabilidade global e ao abrandamento do consumo em mercados-chave. A capacidade da empresa de manter margens, diversificar operações e apostar em novos formatos será determinante para sustentar o seu desempenho. Apesar do arranque tímido, a estratégia da empresa continua ancorada na expansão seletiva e no foco em rentabilidade, mantendo-a como um dos principais players mundiais do sector da moda.