Nissan: Pressões Industriais, Viragem Operacional e Aposta em Eficiência Tecnológica
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Nissan. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights — atualizado a 06 novembro 2025
- Produção do novo Leaf reduzida em mais de 50% entre setembro e novembro, devido a baixas yields de bateria.
- Plano global de poupanças mantém meta de 500 mil milhões ¥ até março 2027, apoiado pelo corte de 20.000 postos e consolidação industrial.
- Parceria Nissan–Monolith expande uso de IA, reduzindo testes físicos e visando um corte global de 20% no tempo de validação.
- Crise Nexperia força redução de 900 unidades do Rogue na semana de 10 novembro, com impacto indefinido para as semanas seguintes.
- Lucro operacional do 2T sobe para 51,5 mil milhões ¥ (+61% YoY), o melhor trimestre em mais de um ano, apesar da previsão anual continuar negativa.
Nota de Contexto
A Nissan atravessa desde 2023 um período de reestruturação profunda, simultaneamente operacional e estratégica. O grupo, historicamente pioneiro no segmento elétrico, enfrenta agora três desafios centrais:
- Perda de competitividade industrial face à aceleração das marcas chinesas, capazes de lançar modelos em 18 meses;
- Pressões severas na cadeia de semicondutores, amplificadas por tensões geopolíticas entre a Europa e a China;
- Necessidade de recuperar rentabilidade num contexto de queda de vendas no Japão e ajustamentos estruturais na rede global de fábricas.
Neste quadro, surgem quatro eixos dominantes: contenção de custos, racionalização industrial, maior integração tecnológica e reforço da disciplina financeira. Esta cronologia (setembro–novembro 2025) ilustra as dinâmicas simultâneas de pressão operacional e avanço estratégico.
1. Produção e Cadeia de Abastecimento: Instabilidade Estrutural
1.1. Queda imediata na produção do Leaf (setembro)
A partir de 16 setembro, a Nissan assume uma redução superior a 50% no plano de produção do novo Leaf para o período setembro–novembro, provocada por baixas yields de bateria numa afiliada. O corte representa “vários milhares de veículos por mês” na fábrica de Tochigi, afetando diretamente o calendário de volumes, embora o lançamento se mantenha “on schedule”.
Este é o segundo episódio recente de perturbação em EVs, depois das dificuldades na linha do Ariya em 2023, revelando que o segmento elétrico continua vulnerável a falhas industriais.
1.2. Disrupção global com o caso Nexperia (novembro)
A partir de 5 novembro, o impacto da disputa entre a Holanda e a China sobre a Nexperia atinge diretamente o maior modelo global da Nissan:
- Corte de 900 unidades do Rogue/X-Trail na semana de 10 novembro.
- Semanas seguintes “under review”, dado que a disponibilidade de chips permanece imprevisível.
Cerca de 70% dos chips Nexperia são embalados na China, que entretanto bloqueou exportações após perder o controlo regulatório para o governo holandês. A Nissan classifica esta disrupção como o seu “biggest headwind” para o 2.º semestre fiscal.
Apesar do choque, a Nissan Shatai permanece sem impacto imediato e algumas operações nos EUA mantêm relativa estabilidade.
2. Eficiência e Competitividade: O Modelo Chinês como Referência
2.1. Programa de redução de custos (meta 2027)
A 17 de setembro, a Nissan clarifica a arquitetura do seu programa global de eficiência:
- 500 mil milhões ¥ de poupanças até março 2027;
- 250 mil milhões ¥ em custos variáveis (50% da meta);
- Reestruturação laboral de 20.000 postos;
- Consolidação industrial de 7 fábricas;
- Fecho dos centros de design em San Diego e São Paulo.
A empresa enfatiza que algumas das técnicas de fornecedores chineses, nomeadamente padronização, forte integração com design e maior disciplina de custo, já estão a ser estudadas para adoção global. Segundo a gestão, o plano é “massive”, mas exequível ao ritmo atual.
As ações subiram 1,6%, refletindo confiança renovada no processo de reestruturação.
3. Tecnologia e IA: Redução de Ciclos e Desenvolvimento Acelerado
A partir de 31 outubro, a Nissan reforça a parceria com a Monolith como eixo fundamental do seu reposicionamento tecnológico.
3.1. Resultados concretos de curto prazo
- Testes de aperto de parafusos reduzidos de 6 meses para 5 meses.
- Meta de redução adicional para 3 meses em futuros modelos.
- Base de dados histórica de testes desde 1992 usada por IA.
3.2. Expansão da IA para novos domínios
- Processos de validação de pneus e baterias.
- Meta global: redução de 20% no tempo total de testes.
3.3. Pressão competitiva explícita
A Nissan reconhece diretamente o fosso temporal face a rivais chineses:
- China lança modelos em 18 meses;
- Ciclos típicos da Nissan e restantes fabricantes tradicionais: ~5 anos.
Daí a frase que sintetiza a urgência da reconfiguração:
“We’ve got to get vehicles to market quicker.”
4. Resultados e Dinâmicas Comerciais: Recuperação ainda frágil
4.1. Lucro operacional regressa com força (2T FY25)
Em 6 novembro, a Nissan reporta o seu melhor trimestre em mais de um ano:
- 51,5 mil milhões ¥ de lucro operacional (jul–set),
- +61% YoY,
- contra –70,9 mil milhões ¥ esperados pelos analistas.
O semestre beneficiou de fatores extraordinários, incluindo menores custos associados às regras de emissões nos EUA.
Apesar disso, o guidance anual permanece prudente:
- –275 mil milhões ¥ de perda operacional prevista até março 2026.
O CEO sintetiza a fase atual:
“We remain on track for operating profit break even, excluding the tariff impact.”
4.2. Desempenho comercial divergente por região
- Norte América: vendas fortes, apoiadas por foco em modelos regionais, simplificação de programas para concessionários e reforço do canal retail.
- Japão: –16,5% nas vendas retail no 1.º semestre, refletindo receio dos consumidores sobre a saúde financeira da empresa.
- COMPAS (México): produção Nissan termina no final de novembro.
4.3. Disciplina financeira e monetização de ativos
A Nissan conclui um sale & lease-back da sua sede global em Yokohama no valor de 97 mil milhões ¥, reforçando liquidez e flexibilidade financeira.
Conclusão
Entre setembro e novembro de 2025, a Nissan opera num equilíbrio delicado entre pressão operacional e avanço estratégico. Os choques simultâneos, falhas de bateria, crise Nexperia, queda das vendas no Japão, expõem vulnerabilidades na cadeia de valor e no portefólio elétrico.
Ao mesmo tempo, a empresa regista sinais concretos de viragem:
- A reestruturação industrial está em execução avançada;
- Os custos estão a ser comprimidos com metodologia clara e metas plurianuais;
- A IA começa a reduzir tempos de desenvolvimento de forma mensurável;
- O 2.º trimestre marca um regresso sólido à rentabilidade.
O principal desafio para os próximos trimestres será navegar a instabilidade dos semicondutores, classificada internamente como o maior risco no semestre e transformar o impulso tecnológico (IA, eficiência industrial e simplificação de processos) numa vantagem estrutural face à crescente concorrência chinesa.
O conjunto de indicadores aponta para uma Nissan em transição: ainda vulnerável, mas mais rápida, mais disciplinada e mais focada na eficiência total do negócio.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Nissan, formato “News”, atualizado com informações até 06 de Novembro de 2025. Categorias: Transporte. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, Japão, Transporte, Nissan, Automóveis, Veículos Elétricos, Veículos a Combustão, Veículos Híbridos)