Polestar: Perdas Aumentam, Pressão Competitiva Intensifica-se e Risco de Deslistagem Eleva a Urgência de Reestruturação
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Strategic Highlights – 12 novembro 2025
- Perda líquida de Q3 sobe para 365 milhões USD, face aos 323 milhões USD de há um ano.
- Receita cresce 36% no trimestre, mas a margem afunda devido a custos, tarifas e garantias de valor residual.
- Ações caem até 17% após divulgação de resultados, acumulando -93% desde o IPO.
- Polestar recebe notificação da Nasdaq por não cumprir o preço mínimo de 1 USD; ação fechou a 0,84 USD.
- Empresa prepara reverse stock split para tentar manter a listagem, num contexto de cortes de custos e dependência crescente da Geely.
Nota de Contexto
A Polestar é uma marca sueca de veículos elétricos premium, criada em parceria com a Volvo Cars e atualmente maioritariamente controlada pela chinesa Geely. A empresa posicionou-se inicialmente como alternativa europeia à Tesla, com aposta em design, performance e software próprio. Contudo, a mudança estrutural no mercado global de EV, marcada por sobrecapacidade chinesa, pressão de preços e abrandamento da procura nos EUA, penalizou fortemente o modelo de negócio. Desde o IPO em 2022, o valor de mercado colapsou mais de 90%, levando a desafios de liquidez, renegociação de dívida e risco de deslistagem.
1. Resultados do 3.º Trimestre: Crescimento Sem Rentabilidade
A Polestar apresentou um trimestre em que a dinâmica comercial e operacional é bifurcada: receitas em forte expansão, mas perdas crescentes. A empresa reportou uma perda líquida de 365 milhões USD, pior que os 323 milhões USD registados no período homólogo, aumentando assim o prejuízo em 42 milhões USD.
O crescimento de 36% da receita não se traduziu em melhoria operacional. A margem foi pressionada por:
- tarifas norte-americanas,
- custos de produção mais altos devido a direitos aduaneiros,
- pressão de preços num mercado EV altamente competitivo,
- impacte significativo das garantias de valor residual na América do Norte, num contexto de queda acentuada no valor dos EV usados.
O CFO, Jean-François Mady, classificou os resultados como “claramente dececionantes”, citando simultaneamente aumento de custos e perda de pricing power. A reação do mercado foi imediata, com as ações a afundarem 17% na sessão inicial após a divulgação.
2. Estrutura de Custos e Reorganização
Para enfrentar um ambiente mais adverso, a Polestar acelerou uma reestruturação profunda durante 2025. A empresa cortou 20% da força laboral, originalmente de 2.500 trabalhadores, o que implica cerca de 500 despedimentos, incluindo centenas de postos em Investigação & Desenvolvimento.
Em paralelo, a estratégia industrial foi ajustada:
- maior dependência da Geely para reduzir despesas de engenharia,
- abandono do modelo direto ao consumidor e migração para um modelo centrado no concessionário,
- recentragem comercial na Europa, devido à procura mais fraca nos EUA, onde os consumidores se voltam para híbridos e motores a combustão.
A nível de produto, a decisão de não lançar o Polestar 5 GT nos EUA e na China, os dois maiores mercados globais, confirma o reposicionamento e uma abordagem mais cautelosa face ao risco financeiro.
3. Stress Financeiro e Risco de Deslistagem
A pressão acumulada acabou por desencadear uma notificação formal da Nasdaq: a Polestar não cumpre o requisito de manter um preço mínimo de 1 USD por ação. Os títulos encerraram a 0,84 USD, acumulando queda de 20% em 2025, após terem já caído mais de 50% em 2024 .
O calendário de compliance é rigoroso:
- 180 dias, até 29 abril 2026, para a ação fechar ≥1 USD durante 10 sessões consecutivas;
- possibilidade de mais 180 dias caso cumpra critérios adicionais.
Trata-se da segunda vez em que a Polestar enfrenta risco de deslistagem: no ano anterior falhou o prazo de envio do relatório anual, violando requisitos da SEC.
Para evitar uma exclusão do índice, a empresa planeia um reverse stock split, medida que aumenta mecanicamente o preço unitário das ações sem alterar o valor económico das participações.
Ao mesmo tempo, a Polestar enfrenta pressões de dívida, tendo sido forçada a negociar alterações aos seus covenants para evitar incumprimento, segundo o documento mais recente.
4. Contexto de Mercado: Competição e Saturação no Segmento EV
A deterioração das margens e da confiança dos investidores insere-se num cenário global adverso para fabricantes de veículos elétricos independentes. A Reuters destaca:
- concorrência intensa de Tesla e BYD,
- necessidade de recorrer a descontos e incentivos de leasing,
- abrandamento da procura nos EUA, onde o consumidor migra para híbridos,
- queda acentuada dos valores residuais dos EV usados, afetando custos financeiros futuros.
Apesar de estes fatores penalizarem a Polestar, a empresa refere que a procura na Europa se mantém robusta, embora insuficiente para compensar o desempenho mais débil nos EUA.
Conclusão
A Polestar encerra o período outubro–novembro de 2025 com uma equação desafiante: receitas em expansão, mas perdas crescentes; crescimento comercial, mas maior fragilidade financeira; presença global, mas retração estratégica nos maiores mercados do mundo.
O risco de deslistagem na Nasdaq tornou-se central, obrigando a empresa a preparar um reverse split e a reforçar a coordenação com credores. A dependência crescente da Geely e os cortes de custos sugerem uma mudança estrutural na estratégia da marca.
O conjunto dos dados indica que 2026 será decisivo: ou a empresa consegue estabilizar margens e reforçar liquidez, ou prolongará um ciclo adverso que já levou a uma perda de mais de 93% do valor desde o IPO. A trajetória operativa e a credibilidade do turnaround serão cruciais para recuperar confiança institucional e manter acesso aos mercados de capitais.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Polestar, formato “News”, atualizado com informações até 12 de Novembro de 2025. Categoria: Transporte. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, Polestar, Suécia, Transporte, Automóveis, Veículos elétricos)