Renault revê previsões em baixa e nomeia CEO interino após quebra nas vendas e alerta de lucros

Vendas estagnadas e lucros sob pressão

A 23 de julho de 2025, a Renault reportou que os volumes de vendas no segundo trimestre permaneceram praticamente inalterados face ao ano anterior, com uma queda notória nas vendas de veículos comerciais, como furgões e pequenos utilitários. Esta desaceleração anulou o crescimento em alguns mercados europeus e na América Latina, onde os modelos compactos elétricos ainda registaram procura sólida.

O enfraquecimento da procura levou a uma revisão em baixa da orientação anual, colocando pressão sobre os resultados esperados para o segundo semestre de 2025.

Alerta de lucros e mudança de liderança

A 15 de julho de 2025, a Renault anunciou que estava a reduzir as suas previsões de margem operacional para 2025, passando de um intervalo anterior de 6%–7% para 4,5%–5,5%, devido a pressão sobre preços, aumento dos custos logísticos e menor visibilidade sobre encomendas no segmento de empresas.

No mesmo dia, a empresa nomeou o atual diretor financeiro, Thierry Minto, como CEO interino, após a saída inesperada de Luca de Meo, que ocupava o cargo desde 2020. A decisão foi recebida com preocupação pelos mercados, com as ações da Renault a recuarem fortemente na sessão de 16 de julho de 2025.

Pressão concorrencial e dificuldades no segmento elétrico

A Renault tem enfrentado forte pressão concorrencial na Europa, tanto de fabricantes tradicionais como de marcas chinesas emergentes no segmento de veículos elétricos acessíveis. Modelos como o Dacia Spring e o futuro Renault 5 deverão manter algum volume, mas margens reduzidas e o aumento dos custos de matérias-primas têm limitado a rentabilidade.

Além disso, as vendas de vans elétricas caíram significativamente, refletindo um abrandamento nos planos de eletrificação de frotas empresariais em resposta à incerteza económica e tarifária nos mercados internacionais.

Estratégia de curto prazo: foco em margens e contenção de custos

A nova liderança interina deverá focar-se na preservação de liquidez, redução de inventários e revisão da capacidade produtiva, numa tentativa de proteger a rentabilidade em cenários de baixa visibilidade.

Thierry Minto indicou, em declarações internas, que irá manter o plano de racionalização iniciado no primeiro semestre, e que as prioridades passam por preservar o caixa operacional, reforçar o foco em modelos de elevada rotação e rever o ritmo de lançamento de novos elétricos.

Conclusão

A Renault enfrenta um segundo semestre de 2025 com desafios substanciais ao nível da procura, da rentabilidade e da confiança dos investidores, agravados pela substituição inesperada da liderança e pela revisão em baixa das metas financeiras. O fraco desempenho nas vendas de comerciais ligeiros e a dificuldade em gerar margens no segmento elétrico são fatores estruturais que exigem uma estratégia firme de contenção de custos e reposicionamento comercial.

A capacidade da nova liderança interina para estabilizar a operação e recuperar a confiança do mercado será determinante para evitar nova deterioração das expectativas até ao final do ano.