Ryanair antecipa recuperação total de tarifas e reforça capacidade com normalização da Boeing
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Ryanair. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 03 novembro 2025
- Lucro líquido semestral de 2,54 mil milhões €, +42% face ao ano anterior, ligeiramente acima das previsões.
- Tarifas médias +13% e projeção de crescimento adicional até 8% no Natal.
- Tráfego anual previsto em 207 milhões de passageiros, mais 1 milhão que o anteriormente esperado.
- Produção da Boeing “transformada”, com entrega integral da frota MAX 8 até fevereiro e produção dos 737 a atingir 48 aeronaves/mês até abril de 2026.
- Corte de 800 mil lugares na Alemanha no inverno, devido à manutenção de taxas e impostos aeroportuários elevados.
Nota de Contexto
A Ryanair Holdings plc é o maior grupo aéreo europeu em número de passageiros, operando sob um modelo de baixo custo e uma rede extensiva no continente. A empresa depende fortemente da Boeing, com uma frota composta essencialmente por modelos 737 MAX, e gere de forma ativa o seu custo de combustível através de hedging a vários anos. As suas operações refletem sensibilidade elevada a políticas fiscais nacionais, variações de procura e restrições de produção industrial na cadeia aeronáutica.
Resultados e desempenho operacional
A companhia reportou um lucro líquido de 2,54 mil milhões € no primeiro semestre fiscal (até setembro de 2025), superando ligeiramente o consenso de analistas (2,50 mil milhões €).
- O crescimento homólogo foi de 42%, sustentado por um aumento de 13% nas tarifas médias e uma forte procura no verão.
- A gestão indicou que o tráfego até março de 2026 deverá alcançar 207 milhões de passageiros, refletindo a disponibilidade antecipada de novos aviões MAX 8.
- A queda de 7% nas tarifas no exercício anterior deverá ser totalmente compensada e até superada, com a perspetiva de subida de 8% no Natal, segundo o CEO Michael O’Leary.
O’Leary acrescentou que, embora novembro se apresente ligeiramente mais fraco, as reservas para o Natal estão “fortes”, confirmando a recuperação da tendência tarifária.
A ação da Ryanair reagiu positivamente: após cair 2% no início da sessão de 3 novembro, fechou +2,3% em alta, a 26,86 €, próxima do máximo histórico de 26,98 € registado em agosto.
Capacidade e frota: normalização na Boeing e confiança renovada
A empresa confirmou que receberá as seis aeronaves MAX 8 restantes até fevereiro de 2026, o que permitirá entrar na época de verão com a frota completa.
O’Leary elogiou a “transformação da produção da Boeing” no último ano e destacou o impacto direto dessa normalização nos planos de crescimento.
Esta evolução segue o otimismo manifestado em outubro, quando o CEO antecipou que a Federal Aviation Administration (FAA) autorizaria a subida da cadência de produção dos 737 de 38 para 42 unidades/mês em outubro e para 48 até abril de 2026.
“Estamos bastante confiantes de que o aumento para 48 unidades mensais se concretizará na primavera”, afirmou O’Leary.
A Ryanair confirmou igualmente 150 encomendas firmes do novo 737 MAX 10, cuja certificação é esperada para 2026. Este modelo é central na estratégia de renovação de frota e eficiência de combustível para a próxima década.
Cortes de capacidade na Alemanha
A 15 de outubro, a transportadora anunciou novos cortes de tráfego na Alemanha para o inverno 2025/26, após o governo de Berlim recusar reduzir as taxas aeroportuárias e o imposto sobre aviação, considerados dos mais altos da Europa.
- A medida implica menos 800.000 lugares e 24 rotas suspensas em nove aeroportos, incluindo Berlim, Hamburgo e Memmingen.
- Dortmund, Dresden e Leipzig permanecerão encerrados no inverno.
O diretor de marketing, Dara Brady, afirmou que os cortes eram “inteiramente evitáveis” e instou o ministro dos Transportes Patrick Schnieder a reformar “um sistema de aviação alemão em declínio”.
A empresa já tinha alertado que transferiria capacidade para outros países da UE se Berlim não revertesse o aumento fiscal aplicado em maio de 2024.
Gestão de custos e cobertura de combustível
A Ryanair reforçou a sua posição de hedging de combustível, aproveitando uma recente queda nos preços do petróleo para cobrir 80% das necessidades do exercício fiscal de 2027 a menos de 67 USD/barril, em contraste com 76 USD/barril para o restante exercício atual.
Esta estratégia contribui para estabilizar margens operacionais num contexto de volatilidade de preços energéticos e reforça o objetivo de crescimento lucrativo e previsível nos próximos dois anos fiscais.
Perspetivas e guidance
Segundo O’Leary, há “uma razoável probabilidade de crescimento de tarifas de médio dígito” nos próximos dois a três anos, sustentado por:
- recuperação estrutural da procura pós-pandemia;
- oferta limitada no setor europeu;
- normalização da produção aeronáutica.
A aceleração do recrutamento de pilotos e a expansão de rotas em mercados de baixa fiscalidade (Espanha, Polónia, Itália) deverão compensar eventuais restrições no norte da Europa.
Conclusão
Entre outubro e novembro de 2025, a Ryanair consolidou uma narrativa de recuperação operacional e financeira sólida, apoiada por três vetores:
- Reforço da frota e confiança na Boeing, reduzindo o risco de constrangimentos de capacidade;
- Melhoria de rentabilidade, sustentada por tarifas em alta e cobertura de combustível eficaz;
- Gestão estratégica de rede, com realocação de capacidade para mercados mais competitivos fiscalmente.
Apesar de manter tensões políticas na Alemanha e dependência da performance da Boeing, a empresa entra no inverno fiscal 2025/26 com fundamentos robustos e guidance otimista, preparando-se para um novo recorde de passageiros e lucros no exercício que termina em março de 2026.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da Ryanair, formato “News”, atualizado com informações até 03 de Novembro de 2025. Categoria: Transporte. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, Ryanair, Irlanda, Transporte, Companhia Aérea)