Resultados e recuperação financeira

O exercício de 2024 marcou um ponto de viragem na trajetória da Teixeira Duarte. A empresa registou receitas de 775 milhões EUR, um EBITDA de 105 milhões EUR (um crescimento de 36% em relação a 2023) e um lucro líquido de 26 milhões EUR, revertendo o prejuízo de 12 milhões EUR registado no ano anterior. A carteira de encomendas na construção situava-se em 1,54 mil milhões EUR no final de dezembro de 2024, um aumento de 43% face ao ano anterior.

Em 2025, a evolução manteve-se positiva. No primeiro semestre, o lucro líquido atingiu 42,4 milhões EUR, quatro vezes superior ao do período homólogo. A dívida financeira foi reduzida para 565,4 milhões EUR, enquanto a carteira de encomendas aumentou para 1,63 mil milhões EUR no final de junho. Estes resultados foram impulsionados pelo acordo de refinanciamento celebrado em março de 2025 e por uma disciplina financeira mais apertada.

Estrutura acionista em transformação

A estrutura acionista da Teixeira Duarte registou profundas alterações ao longo de 2025. A IDS Value reforçou a sua participação até 10,03% em setembro, enquanto a MIDINVEST reduziu de 10,28% para 9,9998% em junho.

A maior novidade foi a ascensão da Dualis Capital, veículo de investimento liderado por Eduardo Sardo (IDS) e Gaspar Ferreira (Global F Holding SGPS), que consolidou a sua posição em cerca de 10%. Com esta subida, a Dualis tornou-se o segundo maior acionista da construtora, ultrapassando Miguel Calainho de Azevedo Teixeira Duarte, cuja participação recuou para 7,53%.

Segundo os seus responsáveis, a Dualis Capital pretende ser um investidor estratégico de longo prazo, com foco em setores fundamentais da economia como construção e imobiliário, explorando sinergias operacionais e reforçando a confiança nos fundamentos da empresa.

Reforço da liquidez e estrutura de capital

Em março de 2025, a Teixeira Duarte celebrou um acordo de refinanciamento no valor de 654,4 milhões EUR, que incluiu uma nova linha de garantias até 190 milhões EUR. Uma tranche de 78,3 milhões EUR será liquidada ainda em 2025 através da entrega de ações a fundos imobiliários, resultantes da transformação de empresas do grupo.

Este movimento foi decisivo para reduzir a dívida líquida e criar margem para apoiar a atividade operacional e de investimento, dando maior estabilidade financeira à empresa.

Grandes projetos em carteira

A construtora reforçou ainda o seu posicionamento em projetos de grande escala. Em agosto de 2025, através do consórcio Lusolav, em que detém 6,35%, assinou um contrato de 1,66 mil milhões EUR com a Infraestruturas de Portugal para a execução da linha de alta velocidade Porto–Oiã.

O contrato tem a duração de 30 anos, incluindo 5 anos de construção e 25 anos de manutenção, no âmbito de uma PPP. Este projeto coloca a Teixeira Duarte no centro de uma das obras mais relevantes da década em Portugal, reforçando a sua carteira e visibilidade estratégica.

Conclusão

A Teixeira Duarte vive uma fase de renovada confiança, apoiada em resultados financeiros positivos, numa redução significativa da dívida e no reforço da carteira de encomendas. O acordo de refinanciamento deu solidez à estrutura de capital, enquanto a entrada de acionistas estratégicos como a Dualis Capital confirma o interesse no potencial da empresa.

Com a execução de projetos estruturantes como a linha de alta velocidade, a construtora reforça a sua posição no mercado nacional e prepara-se para explorar novas oportunidades internacionais. O desafio será transformar esta recuperação em crescimento sustentável de longo prazo, consolidando-se como uma referência no setor da construção e do imobiliário.

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