Estratégia focada em mercados principais começa a dar frutos

A Vodafone iniciou 2025 com uma estratégia mais concentrada geograficamente, após a venda das suas operações em Espanha e Itália e a aproximação à conclusão da fusão com a Three UK. Segundo a CEO Margherita Della Valle, o grupo está agora “posicionado em mercados onde pode gerar retornos sólidos”, com destaque para o Reino Unido, Turquia e África.

A executiva foi elogiada por analistas pela redução da dívida e melhoria na disciplina operacional, mas o mercado continua cauteloso, as ações da Vodafone mantêm-se em mínimos de quase três décadas, com uma queda de 6% nos últimos 12 meses.

Queda persistente na Alemanha ainda condiciona os resultados

A Alemanha, maior mercado da Vodafone, continua a ser o ponto fraco da performance global. As receitas de serviços caíram 5% no último trimestre, depois de uma queda de 6,4% no trimestre anterior. A principal causa continua a ser o fim das vendas de contratos de TV por cabo em edifícios multifamiliares, uma alteração legal que entrou totalmente em vigor no ano passado.

A Vodafone perdeu mais de metade dos clientes afetados, ficando com 4,1 milhões de lares subscritos no final de dezembro. A CEO afirmou que a recuperação será “lenta e progressiva”, com mais um trimestre previsto de impacto negativo antes de uma eventual estabilização.

Crescimento no Reino Unido e África compensa perdas

Apesar da fraqueza na Alemanha, a Vodafone registou um crescimento consolidado de 2,8% nas receitas de serviços, com desempenhos positivos no Reino Unido, Turquia e África. No mercado britânico, as receitas aumentaram 7,6% no quarto trimestre de 2024, com 37.000 novos contratos móveis e 72.000 novos clientes de banda larga.

A conclusão iminente da fusão com a Three UK dará à Vodafone a liderança no segmento móvel do Reino Unido, fortalecendo a sua posição num dos mercados mais estratégicos do grupo.

Perspetivas para 2025 e confiança no plano de reestruturação

A Vodafone confirmou as suas previsões para o exercício de 2025, com lucros operacionais ajustados entre 11,0 e 11,3 mil milhões de euros e um fluxo de caixa livre ajustado entre 2,6 e 2,8 mil milhões de euros, superando os 2,5 mil milhões de 2024.

Apesar da instabilidade na Alemanha, Della Valle mantém confiança de que o mercado voltará ao crescimento de receitas ainda este ano, mesmo que o EBITDA demore mais tempo a recuperar, devido à elevada concorrência e promoções agressivas no setor móvel.

Conclusão

A Vodafone entra em 2025 com uma estrutura mais racionalizada, forte presença nos seus mercados-chave e expectativas de crescimento moderado, apesar da persistente pressão na Alemanha. A fusão no Reino Unido e o foco operacional deverão gerar benefícios estruturais nos próximos trimestres, embora o sucesso dependa da capacidade de estabilizar os resultados alemães e manter a trajetória positiva nos mercados emergentes e digitais. O grupo enfrenta agora o desafio de reconquistar a confiança do mercado e transformar a reestruturação em valor efetivo para os acionistas.