Resultados positivos mas impacto das tarifas preocupa

A Wells Fargo apresentou resultados superiores ao esperado no primeiro trimestre de 2025, com um lucro ajustado de $1,33 por ação, superando os $1,24 previstos. Este desempenho foi alcançado graças à contenção de custos e à menor necessidade de provisões para perdas com crédito, que recuaram para $932 milhões.

Contudo, o CEO Charlie Scharf alertou, a 11 de abril, que as tarifas comerciais dos EUA podem desacelerar a economia, sublinhando que os efeitos das recentes medidas da administração Trump continuam a introduzir volatilidade. Muitos clientes empresariais têm optado por adiar investimentos enquanto aguardam clareza em relação às políticas comerciais.

Receitas com juros em queda e pressão sobre metas anuais Apesar do lucro robusto, o rendimento líquido de juros (NII) da Wells Fargo caiu 6% para $11,5 mil milhões, abaixo das projeções do mercado. A administração indicou que espera agora que o NII de 2025 fique no limite inferior da faixa entre 1% e 3% de crescimento anteriormente prevista.

Este abrandamento é atribuído a menor crescimento no crédito e rendibilidades inferiores nos empréstimos comerciais. Os analistas da Piper Sandler destacaram que a fraqueza no início do ano coloca mais pressão para que o banco consiga alcançar os seus objetivos até ao final de 2025.

Corte de custos e investimentos estratégicos reforçam desempenho

A Wells Fargo continua a apostar na contenção de custos, com despesas operacionais a recuar 3%, graças à redução contínua do número de trabalhadores, menos 2.135 colaboradores desde o final de 2024 e à automação de processos. Ao mesmo tempo, o banco reforça investimentos em tecnologia e serviços financeiros, nomeadamente banca de investimento e cartões de crédito.

As comissões de banca de investimento aumentaram 24%, para $775 milhões, impulsionadas por uma maior atividade nos mercados de dívida. Estas áreas continuam a ser foco de crescimento estratégico para o banco.

Progresso regulatório e novos planos de recompra de ações

Sob a liderança de Scharf, a Wells Fargo tem feito progressos visíveis na sua agenda regulatória. Até abril de 2025, o banco fechou cinco ordens de consentimento, num total de 11 desde 2019, com três ainda em aberto.

Adicionalmente, a 29 de abril, o conselho autorizou um novo plano de recompra de ações até $40 mil milhões, a ser executado após o fim do atual programa. Esta medida poderá dar apoio ao valor acionista num contexto de maior incerteza económica.

Conclusão

A Wells Fargo entra no segundo trimestre de 2025 com sinais mistos: lucros acima do esperado e custos controlados, mas também receitas pressionadas pelo enfraquecimento do crédito e pela incerteza causada pelas tarifas comerciais dos EUA. O banco mostra capacidade de adaptação, reforçando áreas estratégicas como banca de investimento, mas reconhece que o contexto de volatilidade e possíveis riscos de recessão exigirá cautela. O novo plano de recompra de ações sinaliza confiança interna na evolução da instituição, mesmo perante um ambiente macroeconómico mais difícil.